DISFORIA DO GÉNERO espaço não oficial

08
Fev 09

Este termo aplica-se comumente à homossexualidade, daí as aspas.

Devido a questões internas, fortes, a tolerância a uma identidade civil a que não me consigo ajustar, está cada vez mais difícil de suportar.

Durante sete anos tentei, com toda a sinceridade da minha alma, vivenciar um papel social que não consigo sentir, por mais que tente. No fundo, durante todo esse tempo representei um papel absolutamente desconhecido para mim. A sensibilidade existe mas a identificação sexual não.

A MULHER é um Ser magnífico, belo, transcendente. A MULHER é Algo... Eu amo, venero, respeito, a condição feminina. Mas eu sou um cavalheiro, eu sou um cavaleiro. Não, não há engano nas palavras, é mesmo assim que sinto - cavaleiro e cavalheiro.

Como já fiz referência (acho), trabalho com utentes (doentes), isso implica uma enorme exposição da minha pessoa. Há gente que me conhece que eu nem faço ideia que existe.

Numa situação de Disforia de Género, é comprensível que essa situação torne ainda mais delicada a nossa posição. E quando os colegas não colaboram, antes pelo contrário, mais difícil se torna.

Por vezes penso naqueles famosos que têm questões de saúde física grave, tais como tumores, e aproveitam a sua popularidade para dar exemplo e força a tanta gente que se acha não-importante e incapaz.

Por vezes reflicto sobre isso. Não sou famoso mas sou, ou posso vir a ser, muito conhecido na comunidade em que me encontro inserido e, a postura de toda uma vida pode ter agora a sua chance de ser útil.

As privações, o auto-controle, a conducta moral, o respeito pelas susceptibilidades alheias, as mais profudas convicções, convertem-se agora na minha mais sólida armadura contra arremessos, julgamentos, incriminações.

É uma armadura de valor inestimável. O seu preço foi tão elevado que deixou de existir.

O sofrimento "sem fim" advindo de uma condição incompreendida e intolerada; da ausência absoluta de apoio externo, familiar, social, profissional; dos contras severos de meus pais; quase fizeram de mim um maltrapilho, um moribundo. Mas, a minha fé sempre foi mais forte. A minha busca espiritual sempre se revelou suprema. A minha condição inata de nobreza valeu-me atravessar esta tão longa e violentíssima tempestade sem desvarios. Jamais busquei no álcool, no fumo, nos estupefacientes, nos fármacos, nas loucuras sem volta do sexo, ou qualquer outro entorpecente, o alívio mental que tão ardentemente desejava. Sufocava de dor mas esta experiência de vida foi sentida em toda a sua punjança, de cabeça fria, de mente lúcida.

Hoje sinto-me frágil, enfraquecido, cansado, revoltado até, mas, como alguém já disse: - "Deus só nos põe nos ombros o peso que podemos carregar." Hoje, esse mesmo Deus dá-me tudo o que me foi negado ao longo da vida e que faz toda a diferença: pessoas que me compreendem e, ou pelo menos, me respeitam e me dizem: - "Força, vai em frente. Nós estamos aqui."

Quem tem a audácia, neste momento, de me atirar pedras??? Quem tem moral, neste mundo decaído, de me julgar??? Quem, no meu círculo de convivência, se atreve conspurcar-me o nome???

Remeta-se à sua insignificância quem se julga digno de tal e olhe sempre para cima dos ombros. Quem aponta o dedo esquece-se que tem sempre mais três virados para si.

A Sabedoria divina é maravilhosa...

publicado por UNO às 23:09

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