Fez hoje um ano que estive na Ordem dos Médicos para proceder ao pedido oficial de transição.
Ainda não há novidades práticas a respeito.
Fez hoje um ano que estive na Ordem dos Médicos para proceder ao pedido oficial de transição.
Ainda não há novidades práticas a respeito.
Olá, no Brasil, um dos pontos onde fazem assistência a T's é no Hospital das Clínicas, em S. Paulo.
Conheço uma psicóloga, impec, que esteve lá e ficou agradavelmente surpreendida pelo despacho que dão "à coisa". Dão despacho, não despacham, se é que me fiz entender. :)
Hoje recebi outra dica da Siona, o Dr. Décio Ferreira está criar uma página em que nos dá visibilidade. Um bom amigo da causa.
Já fui cuscar e gostei do que vi. Fico "ansioso" por desenvolvimentos.
Este é o link: http://joaodecioferreira.com/, quem não quiser clicar directamente, ou faz copy paste do endereço ou pesquisa na web pelo nome do sr. É muito simples.
Penso que valerá a pena acompanhar.
Vários são os pormenores que, se fossem cuidadosa, honesta e atempadamente transmitidos, nos poupariam tempo e alheamento desnecessários.
Hoje, na consulta, o psiquiátra questionou-me como está o meu processo, se já tinha sido operado. Fiquei incrédulo. Voltou a questionar se já tinho sido visto pelo cirurgião, retruquei:
- "Como é que posso ter sido visto pelo cirurgião? O sr. já me encaminhou para ele? Já me autorizou a ir procurá-lo? Disse-me quem era? Onde encontrá-lo?
Sorriu irónicamente:
- "Voçê tem que ser sempre diferente..." - não sei de onde surgiu e a que propósito o "diferente", enquanto redigia uma carta de recomendação para o Dr Décio Ferreira.
- "Por acaso até já fui visto por ele mas não que o sr me tenha esclarecido a respeito. Fi-lo através da indicação de uma amiga. Eu não tenho a obrigação de saber nem o direito de passar por cima de si."
...
- "Pronto, da nossa parte é tudo, agora só cá volta depois de ser operado." - estive para lhe perguntar: "E para quando é isso?..."
Entrei em contacto com o Dr. Décio e neste momento estou em lista de espera, uma coisa que me preocupa imenso dadas as repercursões diárias e de médio e longo prazo que isso acarreta na minha vida. Dada a minha profissão tenho que encarar dezenas de pessoas por dia, várias caras novas diáriamente e tudo o que isso implica.
Assim, meus amigos, isto mais parece o salve-se quem puder, o que acho errado uma vez que proporciona o desenvolvimento de uma subtil anarquia que não ajuda nada à transparência dos processos e à justiça dos mesmos.
Penso que devem ser os médicos responsáveis pelos nossos casos a elucidarem-nos e encaminharem-nos pelas veredas que devemos seguir e não andarmos, quais maluquinhos, "ao tio - ao tio", buscando algo que, muitas vezes, nem sabemos ao certo o quê.
Para não cair no excesso, uma vez que os médicos têm caído por defeito, assim que se proporcionar, questionem-nos de quando podem ser vistos pelo cirurgião, quem é e onde podem encontrá-lo. Não esperem a conclusão da vossa avaliação psiquiátrica.
Em que bases vou assentar agora a minha confiança?
Hoje fui a mais uma consulta. Estava prevista para 21 de Setembro mas, infelizmente, um dos médicos não podia comparecer, ficando adiada para hoje.
Estávamos vários T, uns nervosos, outros irritados, devido aos atrasos constantes, no entanto, gostaria de saliantar algo que me encantou e achei belíssimo. Um par de namorados, um T e sua companheira, que compartilhavam carinho, de forma natural, sem qualquer indício de ofensa ao pudor alheio. Lindos, jovens, amorosos.
Foi muito caro para mim observar a moça, notava-se o apoio incondicional que lhe devotava, fazia-se sentir. Não tenho palavras para definir como me encantou. Quem dera que todos os T's tivessem alguém assim ao seu lado. A luta, sem dúvida, seria menos agreste, uma vez que ela não é somente externa, é, essencialmente, interna.
O meu bem querer para os pombinhos.
Hoje recebi uma carta da Ordem dos Médicos informando que estava aprovado para continuar o processo, podendo prosseguir para as cirurgias.
No entanto, uma coisa não está correcta, a mesma menciona: "... do seu pedido datado de 15 de Maio de 2009 ...", - como desta data se estive, pessoalmente, a redigir a minha missiva, na OM, conjuntamente com a Dona Rosa, no dia 09 de Fevereiro?
Pois é, o problema é que me foi dito, nesse dia em que tive consulta, para me dirigir à Ordem para redigir o pedido e que não me preocupasse porque na quinta feira dessa mesma semana o sr Dr. entregaria lá o processo. Acontece que, na minha consulta de Maio, o mesmo ainda se encontrava em cima da sua secretária.
Amigos, digo isto para que vós, que ainda estais a passar por esse estágio, tenhais atenção a todos esses pormenores, isto pode fazer a diferença na vossa vida porque importa prazos, tempo.
Quantos foram entregues desde 09 de Fevereiro até 15 de Maio? Muitos, poucos? Não sei, o que importa aqui é a conducta e consideração para connosco.
O Edy tem sido impecável, sempre procurando e partilhando. =O)
Mais um link que nos fez chegar:
TRANSSEXUAL COM OITO ANOS NOS ESTADOS UNIDOS
Como pessoa, supostamente coerente e sensata, e, não tendo a possibilidade de vivenciar na alma tal experiência, compreendo a postura de precaução em relação à decisão de ser, não permitindo “À Katie” o seu processo de transição precoce.
Como transsexual, que o fui desde sempre, posso apenas dizer que não há palavras que exprimam tudo o que tive que passar aos mais variados níveis do Ser, as oportunidades perdidas, a solidão, a quase loucura…
Nem mesmo os mais jovens que passam por esta experiência, conseguem avaliar o que tem sido viver isto para trás no tempo.
Graças a Deus, o caminho é para a frente.
Tornei-me um Ser algo revoltado e por vezes agressivo, não que o fosse por natureza, mas pela dureza das provas.
Inicío um longo caminho de volta, tentando reencontrar-me, auto perdoar-me por tantas auto flagelações, não físicas mas morais, do não respeito dos meus valores, das minhas convicções.
É algo que me transtorna assistir a demagogias assentes em bases puramente intelectuais.
Há tantos milhares de transsexuais no mundo, adultos, ninguém melhor do que eles para darem o seu testemunho.
A transsexualidade, tal como a homossexualidade não são superáveis, não são descartáveis, fazem parte da essência do indivíduo. São parte integrante da diversidade com que este querido Planeta nos presenteia. O mais rico no género em toda a Galáxia. Não se “cura” com a idade, tende antes a piorar, e muito.
A homossexualidade pode ser rechaçada, assumida, vivida, ou não; a transsexualidade, regra geral, leva ao suicídio.
Quem dera poder ter sido apoiado e encaminhado tão precocemente como a “Kátie”. Não teria um terço das mazelas morais, emocionais e psíquicas que me têm castrado a sensibilidade.
Há sempre espaço para erros, há sempre alguém que não sabe o que quer, é a vida. Para não “prejudicar” um que talvez não tenha certezas, estamos a jogar dezenas à mercê de suplícios morais, mentais, psíquicos, absolutamente desnecessários.
É apenas um desabafo.